A entrevista da vez é com o ilustre Cássio Guiot, um redator que sempre acompanhou o blog e a gente sempre acompanhou o trabalho dele. Cássio tem passagem pela FCB, REF+, FIELDS360, entre outras agências de São Paulo e Brasília, onde sua carreira começou. Hoje é Diretor de Criação Digital do Grupo Rái.
Boa leitura.
1. Fale um pouco sobre o seu início na profissão. Você começou em Brasília, certo?
Primeiramente, é um prazer falar um pouquinho da minha curta e insignificante trajetória até aqui para o blog. Antes mesmo de ser profissional da área, já era leitor assíduo do Puta Sacada.
Agora, voltando ao assunto, cara, comecei um pouco tarde na profissão. Na real, queria ser cineasta. Sempre adorei cinema. Meu pai locava muitas fitas videocassete e eu sempre o acompanhava nas sessões de filmes.
Entrei pra faculdade de P&P na PUC de Brasília com esse anseio. Lá descobri que dava pra “fazer cinema” de uma outra maneira mais fácil e barata. A partir daí, me interessei bastante pela a área de criação. Tentei ser diretor de arte, porém, não era tão bom. Mas gostava muito de escrever. Na época eu já escrevia muitas letras de música e comecei a ver que levava jeito pra coisa. Fui selecionado para Agência Júnior da faculdade (na época se chamava Matriz) e lá comecei a ter mais contato com esse dia a dia de agência. Fiquei 1 ano por lá e depois comecei a procurar realmente um emprego.
Consegui transitar por pequenas agências, onde tive bastante contato com o Digital, o que me deu uma base bacana pra entender desse universo. Também fiz um freela na Master WPP, a convite do DC na época, Saulo Angelo. Foi bem legal. Depois de lá, tive a honra de trabalhar com o Bruno Santiago na ORB. Uma agência que parecia uma startup, quando nem existia startup direito. Essa agência era totalmente focada em entregas para o digital, e, já naquela época, era conduzida de maneira bem semelhante ao modo de trabalhar de algumas agências consideradas disruptivas atualmente. Isso me rendeu uma bela visão de gerência de tempo e energia nas minhas entregas. Foi uma ótima experiência.
De lá fui pra Bees, uma agência brasiliense, considerada uma das mais criativas do mercado. Aprendi muito com o Amilton Coelho, que era uma redator muito, mas muito talentoso. Acabei saindo da Bess e fui para na Fields360, que era uma agência muito legal e com um histórico de formação de ótimos criativos. Fiquei por lá durante 4 anos e tive a honra de trabalhar com o Lucas Zaiden (atualmente na Rapp NY), que na época tinha acabado de voltar da Havas Moscou com vários leões. Foi lá que tudo mudou.
Quando cheguei, a criação só tinha duas duplas e começamos tratar o trabalho do dia a dia como possibilidades criativas que poderiam ir pra pasta. Os resultados vieram em seguida com prêmios no Cresta Awards, Colunistas Brasília, Colunistas Brasil e no Effie Awards. Depois disso, ficou mais fácil tentar ir pra SP (sonho de qualquer publicitário). Foi quando o Deny Zatariano, DC da REF+ me convidou para vir. Não pensei duas vezes, rs.
2. Como foi a mudança para São Paulo? Muitos profissionais e estudantes do interior e de outros estados gostariam de fazer o mesmo, alguma dica?
Minha mudança pra SP foi uma consequência do trabalho que eu construí em Brasília. Acho que todo mundo que trabalha com Propaganda tem essa vontade, né? SP é teoricamente o principal pólo criativo do país, mas, hoje depois de um tempo aqui, vejo que o mito da dificuldade de trabalhar em SP é muito mais alegórico. Minha dica pra quem pensa em vir é não deixar que a disputa de espaço nas grandes agências intimide. Podem vir com tudo pra se encontrar na profissão. Tem muito lugar bacana pra trabalhar, com muita coisa nova rolando. O importante é começar em algum lugar e ganhar espaço.
3. Recentemente você virou diretor de criação. O que mudou no seu dia a dia, continua criando?
Essa mudança não foi proposital. Pra falar a verdade, eu nunca planejei ser e nunca achei que levava jeito pra coisa. Mas aconteceu. Acho que muito mais pelo meu desejo de que as ideias andassem de mãos dadas com os negócios dos clientes. Basicamente foi isso que mudou no meu dia a dia. Busco não apenas olhar a ideia como um commodity da criação, mas como um aditivo potente para girar os ponteiros dos clientes.
Criar, eu continuo criando junto com o time. Essa é a parte mais divertida. Mas meu trabalho é muito mais voltado para criação de um ambiente saudável, em que o processo criativo aconteça da melhor maneira possível.
4. O que realmente importa na hora de avaliar a pasta de um candidato a estágio?
Tento avaliar a capacidade de transformar assuntos que todos já falaram, em uma nova abordagem. Hoje em dia é muito comum você ver pastas com as mesmas estruturas, estilos de pranchas e modos de pensamento. Por isso que é muito bacana quando você encontra alguém com o talento da originalidade.
5. Como saber se a ideia está pronta o suficiente para ir pra rua?
Acho que a gente nunca sabe quando a ideia tá pronta pra sair. Na verdade, sempre existe aquela sensação que dá pra maturar ou estruturar mais. Colocar uma ideia na rua sempre é um risco. Não dá para prever o quanto ela vai dar muito certo ou não. Prefiro acreditar que dentro de um processo de planejamento e criação bem direcionado, boas ideias estarão sempre prontas para ganhar seu espaço no mundo.
6. Quais são as suas influências mais recentes, o que tem consumido para ajudar no trabalho?
Vai parecer clichê, mas tenho buscado referências fora da propaganda. Acho que as marcas estão cada vez mais abertas para um diálogo com o público. Principalmente no ecossistema digital. Por isso procuro estudar pessoas, verdades e comportamentos. Acho que a propaganda deixou de ser há muito tempo “compre batom”. Hoje está muito mais para “me dá 1 minutinho do seu tempo?”.
7. Se você estivesse começando na profissão hoje o que perguntaria para Cássio Guiot, diretor de criação digital no Grupo Rái, e qual seria sua resposta?
Você é feliz com o que faz?
Eu diria: completamente.
Cássio Guiot
Diretor de Criação Digital do Grupo Rái
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