Mais um anúncio de oportunidade para o blog, desta vez baseado no caso do jogador Ronaldo, o fenômeno, que aconteceu dias atrás. Engraçado é pouco. Criado pela W/Brasil para a marca Bombril com o ator Carlinhos Moreno no papel do Ronaldo e de suas companheiras. Indicado pela leitora Thaisa Nogueira.
Pesquisa: “bombril”
Foram encontrados 9 resultados para a sua pesquisa.
Decidi que seria publicitário ainda adolescente, aos 13 anos, mas tive a certeza de que havia feito a escolha certa aos 19, já trabalhando numa agência.
Foi quando li um anúncio de uma associação norte-americana, que se dedicava a ensinar profissões a pessoas com deficiência física.
O anúncio mostrava uma foto em preto e branco de um homem numa cadeira de rodas, consertando um televisor. Em cima da foto havia um título que chamava a atenção para o texto que podia ser lido logo abaixo.
O título era: “Você está vendo uma televisão consertando um homem”.
Quando li aquilo, tive a certeza de que queria passar a minha vida inteira tentando escrever frases surpreendentes, para vender causas, ideias ou produtos.
De lá pra cá, tive a oportunidade de criar alguns bons anúncios e de ler muitos outros.
Lembro-me de alguns e das circunstâncias em que foram feitos.
Criado para a fábrica de automóveis Willys, que foi vendida para a Ford, mas continuou vendendo os veículos com sua marca. Título: “Faça como a Ford: compre Willys”.
Criado para a máquina Itauchek, um serviço do banco Itaú precursor dos caixas automáticos. Título: “Hoje, 1º de maio, o caixa eletrônico Itaú estará trabalhando normalmente como se fosse 7 de setembro, 15 de novembro, 25 de dezembro ou 1º de janeiro”.
Criado para o banco Bozano, Simonsen, recomendando que as pessoas investissem em ouro e ilustrado com a foto de um lingote. Título: “In Gold We Trust”.
Criado para a BomBril S.A. comunicando oficialmente o número de seu novo telefone. Título: “BomBril limpa, dá brilho, não risca e às vezes troca o número do telefone”.
Criado para o lançamento da VW nos EUA, numa época em que a filosofia dos americanos era think big (pense grande), e a maioria dos carros era enorme como os Cadillacs rabo de peixe. Ilustrado com a foto de um pequeno Fusquinha. Título: “Think Small”.
Criado para a Itaú Seguros vender seu seguro de vida e ilustrado com a foto de uma mulher e seus dois filhos sentados num sofá, assistindo à televisão. Título: “Estava ficando quase rico. Deixou a família quase pobre”.
Criado para o Dia dos Pais para as copiadoras Xerox. Título: “Cuide bem do seu pai. Ele não tem cópia”.
Criado para o Dia da Criança para a empresa de varejo Fotoptica. Título: “O melhor presente que você pode dar pro seu filho é parar de encher o saquinho dele”.
Criado para o SBT quando era o segundo colocado em audiência, bem atrás da TV Globo, mas bem à frente das outras emissoras. Título: “SBT. Liderança absoluta do segundo lugar”.
Criado para a Conselho Nacional de Propaganda, quando, depois do fim da Guerra do Vietnã, alguns grã-finos paulistas começaram a dizer que adotariam órfãos vietnamitas. Título: “Prestigie o produto nacional; em vez de um órfão do Vietnã, adote um menor abandonado do Brasil”.
Criado para a Singer e ilustrado com a foto de uma senhora de meia-idade, trabalhando numa máquina de costura. Título: “Em casa que tem máquina de costura, nunca falta pão”.
Criado para a Fiat Automóveis logo depois de ela ter comprado a Ferrari, ilustrado com uma foto do senhor Enzo Ferrari dirigindo um Fiat 128. Título: “Mr. Ferrari drives a Fiat”.
Curiosidade: nenhum desses brilhantes anúncios foi criado ou veiculado nos últimos tempos. Certamente, porque com a onda do politicamente correto, a presença da internet e das redes sociais e a disseminação dos cancelamentos, a existência de anúncios fora de série tem se tornado cada vez mais rara.
O mais talentoso anúncio que li nos últimos tempos não foi criado para vender nenhuma causa, ideia ou produto. Na verdade, não é um anúncio, é um poema da série “Poemas classificados”, do poeta Bruno Félix, que usou o espaço dos anúncios classificados como veículo para divulgar seu trabalho.
Entre todos os publicados, o que mais me encantou foi um com o título “Vendo Imóvel”.
Conto com a sua boa vontade para imaginar esse anúncio, dentro do pequeno retângulo de um classificado de jornal:
VENDO IMÓVEL
Em ótima localização
Te vi passando
Pela primeira vez
E à primeira vista
Fiquei assim, sem
reação:
Vendo, imóvel.
Washington Olivetto
Publicitário
Texto publicado no jornal O Globo e compartilhado no Clube de Criação, na Coluna do W.O. (aqui)
Segue abaixo o anúncio citado pelo Olivetto no começo deste texto.
20 DIAS DE SIMPLICIDADE | 12
Com vocês, Carlos Moreno, no primeiro comercial do Bombril.
Agência: DPZ
Simplicidade na “medida clássica” era criar um comercial depoimento. O ator olha para a câmera e fala sobre o produto para o consumidor, neste caso, a dona de casa. Nada de mega cenário ou super produção. Apenas um texto inteligente e persuasivo. Era o que bastava para preencher 30 segundos na TV. Deve ser por isso que hoje não encontramos tantos comerciais assim.
Essa fórmula não começou com este filme, mas chegou ao auge com Bombril.
propaganda impressa
Criação na Propaganda Impressa é resultado de um estudo que buscou responder a algumas das questões mais frequentes de alunos que se preparam para a profissão e mesmo de profissionais que querem entender os aspectos teóricos aplicados na propaganda.
Autor: João Vicente Cegato
de Washington Olivetto
Minucioso estudo das campanhas de Olivetto, analisando desde os verbos e adjetivos empregados com mais frequência nos anúncios e filmes. Esta obra também explora de forma pioneira como as histórias do ‘primeiro sutiã’, do ‘garoto Bombril’ e de tantas outras campanhas de sucesso foram criadas.
Autor: João Renha
Informações preciosas aos que já estão ou pretendem ingressar nessa área. Francesc Petit acumulou em mais de 50 anos de apaixonada atividade grandes experiências que ele transmite no livro com riqueza de observações. São cerca de 30 capítulos em que trata dos mais diversos segmentos dessa indústria tão competitiva.
Autor: Francesc Petit
anúncio de jornal e revista
Na hora de criar, assuma o papel do público e pense no que gostaria de ouvir sobre o produto. Quando for pensar no título, use palavras fortes, que emocionem e levem o leitor às compras. Se o veículo for um jornal, não use fontes muito pequenas ou seriadas. Um pequeno livro com grandes dicas.
Autor: Newton Cesar